sexta-feira, 27 de março de 2009

ANTÓNIO OLAIO & JOÃO TABORDA - 4 de Abril


















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Próxima edição: 4 de Abril























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terça-feira, 10 de março de 2009

Um mercado no Quebra-Costas

E se fizéssemos uma enorme festa neste local uma vez por mês? — este foi talvez, por absurdo que pareça, o mote para uma actividade que começou em Março de 2007 na rua e escadas de Quebra-Costas, um dos lugares metafóricos e mais fotografados do centro (“histórico”?) de Coimbra. Chamámos-lhe “Mercado Quebra-Costas”, para lhe conferir à nascença, uma determinação funcional: um espaço com um pendor público e uma incerta densidade (humana, económica, cultural?) onde se mostram, vendem e trocam coisas necessárias ou atractivas.


A ideia partiu de alguns estabelecimentos comerciais da rua e propunha a criação de um mercado ao ar livre, a realizar ao sábado e com regularidade mensal durante todo o ano à excepção dos meses de Inverno. O funcionamento passava pela possibilidade de expansão para o exterior dos estabelecimentos locais, pelo convite a criadores e vendedores, dentro do âmbito muito alargado do “artesanato urbano” e pela animação musical, proporcionada por Djs a actuar em pleno dia e no meio da rua. Pelo mercado, passaram entretanto, actividades e produtos tão diversificados como roupa, bijuteria, acessórios, artigos em segunda mão, design, mobiliário, discos, livros, banda desenhada, fotografia, equipamentos áudio, flores, plantas, produtos biológicos, comida macrobiótica, bolos regionais, massagem shiatsu, cabeleireiro, manicure… Musicalmente, já passaram pela iniciativa um número muito considerável de Djs, dentro de linhas musicais que vão da música tradicional ao Jazz, ou ao Techno, e avança-se progressivamente para a programação de actuações ao vivo de músicos e formações. Pensamos agora que era muito interessante juntar à componente musical uma vertente performativa, apoiada no trabalho de actores e bailarinos e uma componente de imagem: fotografia, vídeo e cinema.


Em termos conceptuais, o formato da iniciativa caracteriza-se por ser comercial, inclusivo, “de rua”, urbano e actual. Comercial, porque a rentabilização económica do evento é o único motor e o garante da iniciativa. Inclusivo, por pretender congregar a participação de TODOS (não só comerciantes, mas também população e instituições e vocacionado para um público muito diversificado). “De rua”, na medida em que toda a acção se passa no espaço público. E finalmente, actual e urbano, por entendermos que o evento deve ser desprendido de qualquer conteúdo culturalista, identitário, etnográfico ou de época, orientado preferencialmente para o público de Coimbra, embora possa e deva interessar a todos os visitantes.


O Mercado deveria, assim, constituir uma forma de recuperar a vitalidade e a capacidade de atracção do centro de Coimbra e de evitar o progressivo esvaziamento e perda dos valores de identidade e referência que este tem sofrido, pelo alheamento dos cidadãos e dos investimentos públicos e privados. Traduz a necessidade de unir esforços e definir estratégias comuns para devolver aos centros tradicionais a importância e o significado que o crescimento urbano e a disseminação de novas centralidades lhes têm continuadamente retirado. Pretende ainda reforçar a causa da preservação das partes antigas como espaços vividos e não exclusivamente históricos ou patrimoniais e a necessidade premente de evitar a desertificação e a deterioração física e social do centro da cidade. Esperamos, neste momento, que a candidatura da Universidade e Alta de Coimbra a património da humanidade ajude a criar condições para este poder vir a ser um caso exemplar de associação entre interesses de moradores, actividades económicas, instituições, organismos técnicos e poder público.


Com este modelo específico, foram realizadas até este momento cerca 10 datas, o que permitiu a afinação progressiva do formato e dos meios utilizados, em função dos resultados obtidos. O número de pessoas trazidas à rua de Quebra-Costas, o efeito publicitário produzido e o reforço das relações com as instituições e entre os vários intervenientes permite-nos fazer um balanço cauteloso mas positivo. Pensamos contudo que só a persistência, a repetição regular e a continuidade desta e de outras acções complementares, assentes no empenho e na criatividade de todos, poderão marcar decisivamente o sucesso deste género de iniciativas e o reforço da imagem de pertença e do significado económico e cultural desta zona de Coimbra em relação à cidade como um todo.


Um mercado, pessoas, música, espectáculo — tudo boas razões para vir desfrutar de um dos espaços públicos mais notáveis e característicos da cidade de Coimbra.